quarta-feira, 8 de abril de 2009

Você está pronto para adotar uma criança?

Antes de responder, conheça as histórias e as experiências de quem conhece o assunto

Quem passou pela experiência jura, de pés juntos, até ter esquecido: adotar uma criança é, praticamente, o mesmo que dar à luz um novo bebê -- sentimento que a produtora Cristina Di Cianni provou na prática e, agora, compartilha com os leitores do recém-lançado Filhos Adotivos, Pais adotados: Depoimentos e Histórias de Escolhas (225 páginas, R$ 29,80).Na obra, estão reunidas histórias emocionantes de pais adotivos e crianças adotadas, incluindo relatos de personalidades conhecidas como Fábio e Tizuka Yamasaki, de Mílton Nascimento e de Yara e Juca Chaves.

Não considero a adoção um remédio para os males sociais e também não acho que ela sirva para qualquer um. As histórias do livro mostram vivências delicadas, às vezes cheias de angústias e com pontos de vista diversos , afirma Cristina. Mas, certamente, menos dolorosas que vidas sem vínculos, solitárias, vazias e desamparadas.

Tocar no assunto sem levar em conta as dificuldades práticas e burocráticas do processo é praticamente impossível. No Brasil, ele é bastante detalhado. Mas deve mesmo ser assim para garantir a proteção da criança: é necessário investigar a família que quer adotar e, claro, a reintegração à família de origem precisa ser uma possibilidade esgotada antes de finalizar a causa , opina a produtora.
Mas nada disso é páreo para quem já refletiu o bastante e está convicto da idéia de ter uma nova criança em casa. Contrariando o que diz o senso-comum, os dados nacionais apontam que o número de casais dispostos a adotar um filho é bem maior do que a quantidade de crianças à espera de uma família que as acolha.
O problema é que a maioria dos casais quer bebês de até seis meses, brancos e do sexo feminino , diz a professora de Psicologia da Universidade Federal do Paraná, Lídia Weber. Por isso a conta não fecha.

Será que eu vou gostar dele?
Mesmo depois de conhecer a criança e dar andamento à papelada, é absolutamente normal ter esse tipo de dúvida. Só não vale ficar prostrada diante dela. Se nem mesmo os filhos biológicos atendem rigorosamente as expectativas dos pais, como exigir isso de uma criança adotiva? É injusto, pontua Cristina. E a criança tem o direito de conhecer a própria história, nada de esconder a origem dela.
Mas explicações muito detalhadas, pelo menos na infância, são dispensáveis. Diga que seu filho nasceu de um pai e uma mãe que não puderam cuidar dele. Mas que ele é muito amado e, por isso, tem vocês como pais de coração e criação , sugere Cristina. No começo, pode ser difícil para a criança entender. Com o fortalecimento dos laços, no entanto, essa explicação vai calar fundo na cabecinha dela que, realmente, vai se sentir realmente muito querida , pondera a terapeuta Lídia Weber. No futuro, se a criança quiser encontrar os pais biológicos, aceite numa boa. A curiosidade é normal e não significa falta de amor. Ao contrário, um pedido desses só revela o quanto ela confia nos pais de criação. Dê assistência e mostre que vocês são os pais dele e que querem apoiá-lo em qualquer decisão , ensina Lídia.

É uma situação delicada, que vai tentar responder quem são os pais biológicos, por que eles não quiseram assumi-lo e como isso mudou a vida dele. São questões diretamente ligadas à auto-estima e à identidade. Mas não devem ser encaradas como um problema, pois o vínculo afetivo sempre fala mais alto. E, como diz a cantora, lar é onde o coração está , complementa Cristina.

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